A ansiedade é certamente um problema crescente que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), lidera as estatísticas de países com a maior taxa de indivíduos ansiosos, com 9,3% da população convivendo com esse transtorno. Um estudo do Instituto Cactus, em parceria com a AtlasIntel, mostrou que 68% dos brasileiros adultos relatam se sentir nervosos, ansiosos ou muito tensos regularmente. Apesar desses números alarmantes, o estudo revela que mais da metade dessas pessoas (55,8%) não busca ajuda profissional para lidar com a ansiedade.
No mês de Setembro Amarelo, período dedicado à prevenção do suicídio e à conscientização sobre a saúde mental, é fundamental compreender portanto que a ansiedade pode ser gerada por hábitos cotidianos que, muitas vezes, são subestimados. Camila Araújo, psicóloga da rede de clínicas AmorSaúde, destaca a importância da psicoterapia para o autoconhecimento e o gerenciamento das crises de ansiedade. “Com o auxílio psicológico, é possível identificar padrões disfuncionais e criar novos hábitos que ajudam a diminuir o sofrimento”, afirma.
Para prevenir a ansiedade e manter a saúde mental em dia, é importante estar atento aos hábitos que podem desencadear assim gatilhos emocionais. A seguir, veja 10 comportamentos comuns que podem piorar os sintomas de ansiedade e como evitá-los.
- Falta de Rotina
A ausência de uma rotina organizada pode aumentar o estresse e a sensação de incerteza, o que, consequentemente, alimenta a ansiedade. Quando não temos horários definidos ou tarefas estruturadas, o sentimento de descontrole se instala. Camila explica que estabelecer uma rotina ajuda a evitar imprevistos, proporcionando maior segurança em relação ao que o futuro nos reserva. Manter um planejamento diário claro e consistente pode reduzir significativamente a ansiedade relacionada à incerteza.
- Comparação Constante com Outros
A comparação social é certamente um dos maiores gatilhos para a ansiedade. Com as redes sociais e a exposição à vida aparentemente perfeita dos outros, muitos caem na armadilha de comparar suas conquistas e rotina com a de terceiros. Isso cria um ciclo de frustração e insatisfação. Para evitar esse comportamento, é importante praticar a autocompaixão, reconhecer os próprios progressos e assim limitar o tempo nas redes sociais.
- Preocupação Excessiva com o Futuro
A preocupação excessiva com o que está por vir é um dos principais fatores que alimentam a ansiedade. Muitas pessoas sofrem por antecipação, criando cenários negativos em suas mentes sobre situações que podem nem sequer acontecer. Portanto essa prática aumenta o nível de estresse e prejudica o bem-estar. Ao invés disso, o foco deve ser no presente, praticando técnicas de mindfulness que ajudam a redirecionar os pensamentos para o aqui e agora.
- Dificuldade em Tomar Decisões
Tomar decisões, especialmente sob pressão, pode ser uma fonte significativa de ansiedade. Em suma o medo de fazer a escolha errada ou de não atender às expectativas cria um estado constante de indecisão. Para melhorar essa situação, é fundamental definir critérios claros e realistas para a tomada de decisões, aceitando que não há assim controle total sobre os resultados.
- Sedentarismo
A ausência de atividade física regular é outro hábito prejudicial à saúde mental. A prática de exercícios físicos é essencial para a liberação de endorfinas, hormônios que promovem a sensação de bem-estar e ajudam a combater a ansiedade. Camila destaca que incorporar qualquer atividade física à rotina, mesmo que por curtos períodos, já traz benefícios.
- Sono de Baixa Qualidade
A falta de sono reparador certamente afeta diretamente a saúde mental. O sono inadequado aumenta a irritabilidade, dificulta a concentração e agrava os sintomas de ansiedade. Estabelecer uma rotina de sono, evitando o uso de eletrônicos antes de dormir e criando um ambiente propício para o descanso, é crucial para prevenir esses problemas.
- Alimentação Pouco Saudável
Uma alimentação desequilibrada pode impactar não apenas o corpo, mas também a mente. Alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras, podem causar alterações de humor e energia, além de aumentar a sensação de fadiga. O consumo excessivo de cafeína e bebidas alcoólicas também agrava a ansiedade, gerando sintomas como agitação, insônia e palpitações. Camila ressalta que uma dieta rica em nutrientes é essencial para o bom funcionamento do cérebro e para a regulação emocional.
- Uso Excessivo de Telas
O uso frequente de smartphones, computadores e tablets impacta negativamente a saúde mental. De acordo com Camila, o tempo excessivo em frente às telas ativa o sistema de recompensa cerebral, o que gera dependência e aumenta os níveis de estresse e ansiedade. A exposição prolongada a conteúdos que causam comparações e preocupações, como nas redes sociais, agrava ainda mais esses sintomas. Para evitar isso, é importante reduzir o tempo gasto nas telas e criar momentos de desconexão digital.
- Reprimir Sentimentos
Muitas pessoas, por medo de julgamento ou rejeição, tendem a reprimir seus sentimentos, o que pode gerar uma série de problemas emocionais. Não expressar o que se sente cria um acúmulo de emoções negativas, aumentando a ansiedade e o estresse. A psicoterapia é uma excelente ferramenta para aprender a identificar e lidar com as emoções de forma saudável. A prática de falar abertamente sobre o que se sente, seja com amigos, familiares ou profissionais, é essencial para manter a saúde mental em equilíbrio.
- Sofrer por Antecipação
Sofrer por antecipação, ou seja, preocupar-se exageradamente com situações que ainda não aconteceram (e podem nunca acontecer), é um hábito extremamente nocivo à saúde mental. Esse comportamento gera uma carga emocional desnecessária e intensifica os sintomas de ansiedade. Para combater essa tendência, é importante focar no momento presente e evitar criar cenários catastróficos que só existem na imaginação.
A Importância do Autoconhecimento e Acompanhamento Psicológico
Identificar e reconhecer os hábitos que podem desencadear a ansiedade é o primeiro passo para evitá-los. Como Camila Araújo enfatiza, é essencial entender como a ansiedade se manifesta em cada indivíduo e buscar estratégias para gerenciar os comportamentos e pensamentos que agravam o problema. Além disso, incluir práticas como atividade física, alimentação saudável e boas noites de sono são fundamentais para o equilíbrio emocional.
A prevenção da ansiedade exige atenção constante aos hábitos diários, e o acompanhamento psicológico pode ser uma peça-chave para identificar os gatilhos e promover mudanças positivas.