As taxas de colesterol em crianças e adolescentes brasileiros vêm aumentando. Esse problema eleva o risco de diabetes, pressão alta e, surpreendentemente, infarto ou AVC, condições geralmente associadas a adultos. Uma revisão de estudos publicada em março pela Escola de Enfermagem da UFMG destaca a crescente preocupação com a situação.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou parâmetros que indicam que 1⁄4, ou 27,4% das crianças e adolescentes do Brasil têm colesterol alto. Esses dados foram coletados de uma amostra de 62.500 voluntários de todas as regiões do país. O LDL, conhecido como colesterol ruim, também apresentou alterações em 19,2%. João Campos, Coordenador Regional de Produção do Laboratório Lustosa, parte da maior rede de saúde integrada do Brasil, Dasa, destaca que a obesidade é um sério problema de saúde que afeta crianças e adolescentes.
As estimativas do Ministério da Saúde indicam que 7,2 milhões de crianças e adolescentes no Brasil são obesas. O relatório do Atlas Mundial da Saúde de 2023 confirma esses números. O documento afirma que até 2035, 33% dos meninos e 18% das meninas no Brasil serão obesos. “Essas são projeções muito graves, pois, na infância e na adolescência, a principal causa de colesterol alto é o excesso de peso ou a obesidade, que são, na maioria das vezes, resultado de uma alimentação rica em gorduras, alimentos ultraprocessados e açúcares, associados ao sedentarismo”, observa.
João Campos enfatiza que crianças e adolescentes devem fazer exames laboratoriais de rotina, como o Perfil Lipídico, que mede níveis de colesterol no sangue, incluindo LDL (colesterol ruim), HDL (colesterol bom) e VLDL (colesterol total), para melhorar o controle das taxas de colesterol. De acordo com consensos médicos mais recentes, todas as crianças de nove a 11 anos devem fazer esse exame inicial de colesterol. Níveis lipídicos devem ser verificados precocemente em crianças obesas de dois a oito anos, assim como naquelas com diabetes ou histórico familiar de doenças cardíacas ou colesterol alto.
É fundamental, além desses exames que permitem o diagnóstico precoce do problema. Portanto, investir em programas de prevenção e controle da obesidade e promover a saúde do público infanto-juvenil. Precisamos ensinar às nossas crianças e adolescentes a adquirir o hábito de consumir uma dieta balanceada que inclua uma abundância de verduras, legumes e frutas. É crucial incentivá-los a participar de atividades físicas e esportivas. Ele destaca que essas ações, combinadas com cuidados com a saúde mental, são essenciais para a redução do peso corporal, o que afeta os níveis de colesterol.
No entanto, João Campos afirma que mesmo seguindo uma dieta saudável e sem excesso de peso, algumas crianças e adolescentes ainda terão colesterol alto. Essa descoberta pode indicar alterações genéticas no metabolismo das gorduras, como a “hipercolesterolemia familiar”, que é a mais comum entre elas. É possível que haja histórico familiar de jovens aparentemente saudáveis que sofreram um infarto fulminante nesse caso. Atualmente, é possível investigar uma família e excluir fatores de risco genéticos com grande segurança por meio de avançados exames genéticos, analisando genes específicos ou painéis multigênicos.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) afirma que o colesterol é um tipo de gordura essencial para a construção das células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração, sendo necessário para o funcionamento adequado das células. Diferentemente dos tipos de colesterol LDL, HDL e VLDL, níveis elevados de colesterol representam um perigo para a saúde. Por exemplo, o LDL se acumula nas paredes internas das artérias, formando lentamente placas de gordura chamadas ateromas. Esses ateromas obstruem progressivamente as artérias, dificultando o fluxo sanguíneo e podendo causar infartos e AVCs.
O Ministério da Saúde destaca que a mudança para um estilo de vida mais saudável, incluindo alimentação equilibrada e atividade física, é necessária para reduzir o LDL, conhecido como colesterol ruim. No entanto, há situações em que essas medidas não são suficientes para controlar os níveis de LDL, e a prescrição de medicamentos pelo médico se torna necessária. Contudo as recomendações também são semelhantes para aumentar os níveis de colesterol bom, ou HDL. Pratique exercícios intensos, mantenha uma dieta equilibrada com abacate, nozes, soja, aveia, frutas e legumes. Perder peso é indicado para aqueles com alguns quilos a mais.